CEBB cobra suspensão da reestruturação e critica ampliação da jornada para oito horas no Banco do Brasil
A Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil
(CEBB) cobrou da direção do BB, em reunião virtual realizada na segunda-feira
(6), a suspensão imediata da reestruturação iniciada pelo banco dentro do
chamado Movimento de Aceleração Digital (MAD). O programa foi lançado na última
sexta-feira (3) sem qualquer diálogo prévio com o movimento sindical, e prevê,
entre outras medidas, a ampliação da jornada de trabalho de seis para oito
horas para 25% dos cargos de assessoramento (assessores I, II e III) em áreas
estratégicas.
O movimento sindical reivindica que o Banco do Brasil não inicie a
reestruturação e denuncia o clima de insegurança que tomou conta do
funcionalismo. “Há muito medo de que essas mudanças sejam apenas o começo, e
que, em breve, outras áreas também sejam atingidas, colocando em risco a
manutenção dos cargos de seis horas, uma conquista histórica da categoria”,
afirma Fernanda Lopes, coordenadora da CEBB.
Falta de diálogo e transparência
Durante a reunião, os representantes da CEBB repudiaram a forma unilateral como
o programa foi anunciado e a ausência de informações concretas. O banco afirmou
que um pouco mais de 100 funcionários foram afetados, mas não apresentou
números detalhados.
“O BB alegou que até ontem ainda não tinha os dados consolidados de quantos
trabalhadores foram atingidos e prometeu repassar essas informações. Até o
momento, isso não aconteceu. Precisamos desses números, por estado e por
unidade, para compreender a real dimensão do impacto e poder atuar de forma responsável
na defesa dos funcionários”, reforçou Fernanda.
Reestruturação disfarçada
Embora o banco sustente que o novo modelo atinge apenas unidades estratégicas e
não a rede operacional — como agências, PSOs e caixas —, a CEBB alerta que o
MAD representa uma nova reestruturação, com potencial de se expandir. “O banco
tenta apresentar o programa com outra roupagem, mas estamos diante de mais uma
reestruturação. Hoje começa em áreas estratégicas, mas ninguém garante que não
é apenas a ponta do iceberg”, alerta Fernanda.
Segundo informações do próprio BB, a maior parte do funcionalismo impactado
está em Brasília, com menor concentração em São Paulo e casos pontuais no Rio
de Janeiro.
Na contramão da história
A ampliação da jornada ocorre justamente num momento em que a sociedade e o
movimento sindical lutam pela redução da jornada de trabalho e por melhor
qualidade de vida. “Enquanto o debate público avança no sentido de reduzir a
carga horária, o Banco do Brasil vai na contramão, ampliando a jornada de seis
para oito horas para uma parte dos comissionados”, destacou Fernanda.
Próximos passos
A CEBB seguirá cobrando transparência, diálogo e respeito ao funcionalismo.
“Não aceitaremos nenhuma medida que amplie jornada, reduza direitos ou
desestruture equipes. O banco precisa ouvir quem está na linha de frente e
respeitar o papel das entidades sindicais”, concluiu Fernanda Lopes.
Fonte: Contraf-CUT