BB: Mais um golpe nos funcionários do Varejo
A Diretoria de Varejo do Banco do Brasil comunicou que, nos
meses de novembro e dezembro, os gerentes da rede estão proibidos de acionar a
substituição temporária — medida que, na prática, impede a designação de
funcionários para cobrir colegas em férias, abonos ou licenças médicas.
Em 2023, celebramos o retorno das substituições, uma antiga reivindicação dos
trabalhadores. Agora, alegando “controle e racionalização das despesas
administrativas do banco”, a direção cancela as substituições nesses dois meses
e ainda orienta que os funcionários evitem tirar férias nesse período.
O funcionalismo está indignado. Enquanto alguns poucos são contemplados com
prêmios e viagens, muitos outros são prejudicados sob a justificativa de
contenção de despesas. Quem está todos os dias na linha de frente, atendendo a
população que mais precisa e produzindo resultados, é novamente penalizado.
O movimento sindical apresentou ao BB um levantamento que mostra o aumento de
diversos indicadores de metas. Mesmo as dependências que não haviam cumprido as
metas anteriores — não por falta de empenho, mas pela conjuntura — tiveram novo
incremento. O resultado tem sido um ambiente de trabalho cada vez mais tenso,
marcado por adoecimento e desespero entre os trabalhadores.
“Desde 2007, nós reivindicamos um mecanismo de substituição temporária para
evitar a sobrecarga das equipes. O que o banco faz agora é economizar
exatamente na ponta mais frágil: os trabalhadores que geram todo o lucro.
Poderiam ser adotadas inúmeras medidas de contenção de despesas, mas o BB opta
por cortar na remuneração e na proteção de quem produz os resultados”, afirma
Fernanda Lopes, coordenadora da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco
do Brasil (CEBB).
A decisão surpreende por chegar pouco tempo depois da apresentação da Instrução
Normativa 368-1, que ampliou a designação interina para funções de 3º nível
gerencial — gerentes de relacionamento, gerentes de serviços e supervisores de
atendimento — e prevê o acionamento para ausências programadas iguais ou
superiores a 10 dias úteis consecutivos. A norma começou a ser aplicada nas
unidades de negócios, com potencial para atingir cerca de 21 mil funcionários,
mas ainda não contempla todas as áreas do banco.
A Contraf-CUT e a CEBB, representando o Sindicato dos Trabalhadores do Ramo Financeiro de Barretos e
região, criticam o novo posicionamento do banco. Segundo as entidades, o
argumento oficial — de que a proibição busca conter despesas administrativas —
é insuficiente e contraditório: alguém efetivamente precisará assumir as
tarefas dos colegas ausentes, mas o banco se recusa a remunerar por esse
trabalho.
Fernanda Lopes ressalta ainda o contexto já adverso da rede Varejo, marcado por
metas altíssimas e crescentes. “Acionamos o banco diversas vezes para tratar
das metas; mesmo assim, elas seguem subindo — muitas vezes sem que tenham sido
cumpridas no semestre anterior. E, agora, o banco se recusa até a pagar o
mínimo: a substituição de quem assume a função. É um ataque direto às condições
de trabalho”, critica a dirigente.
Além do conteúdo da medida, a categoria também reprova a falta de comunicação
prévia ao movimento sindical. O banco não informou as entidades sobre a
proibição, deixando representantes e empregados mais uma vez surpreendidos com
a mudança.
Fonte: Contraf-CUT, com edição de SINTRAFI Barretos