Bancárias participam de Plenária de Mulheres da CUT e reforçam unidade de trabalhadoras
Aconteceu na manhã desta quinta-feira (16), na capital
paulista, a Plenária das Mulheres da CUT, com participação, de forma presencial
e online, de centenas de dirigentes sindicais e representantes de forças
políticas de todo o país.
As trabalhadoras discutiram os desafios para a superação das desigualdades de
gênero, raça e de orientação sexual, com a participação da socióloga e diretora
técnica do Dieese, Adriana Marcolino, que apresentou os dados do mercado de
trabalho.
"Apesar da melhora recente do nível de emprego, o país
ainda tem um grande número de trabalhadores informais. E, quando observamos a
separação por gênero e raça, verificamos que as mulheres, as mulheres jovens e
negras, são as mais afetadas pelo desemprego e pela informalidade",
destacou Marcolino, concluindo que a mobilização das mulheres trabalhadoras
segue como fundamental para estabelecer mudanças estruturais de igualdade no
mercado de trabalho.
A secretária da Mulher da CUT Nacional, Amanda Corcino, pontuou que Plenária
acontece em um momento desafiador para o Brasil. "Desafiador porque,
mesmo estando em um governo progressista, ainda lutamos para recuperar os
direitos que foram desmontados nos governos passados (de Temer e Bolsonaro) e,
quando a pobreza e o desemprego são aprofundados, quando há a retirada de
direitos, sabemos que as mulheres são as mais atingidas", relembrou.
Corcino também destacou o papel importante dos sindicatos cutistas para as
mobilizações de rua que contribuíram para a queda da PEC da Blindagem no Senado
e para o avanço do projeto de lei de isenção do Imposto de Renda dentro do
Congresso. "Esses avanços não seriam possíveis sem a atuação decisiva
e direta de nós, mulheres", completou.
A presidenta da Contraf-CUT e vice-presidenta nacional da CUT, Juvandia
Moreira, abordou a forte relação entre a luta das trabalhadoras e a luta de
classes. “Não adianta dizer que a luta é só de classes. Ela é de classes,
mas tem recorte de gênero, raça e orientação sexual. [A realidade do mercado de
trabalho] não é a mesma para as mulheres, não é a mesma para os negros e
negras, não é a mesma para as pessoas com deficiência, para as pessoas
LGBTQIA+. Então, não adianta falar de luta de classes se a gente não olhar para
a classe trabalhadora e seus vários viesses", explicou.
"Por
isso que sempre é importante o olhar para a situação da mulher no trabalho,
sobre situação das mulheres no movimento sindical e na política, porque nós não
vivemos num mundo de igualdade e isso se reflete nas lutas que também
precisamos enfrentar nas diversas áreas que atuamos", completou.
Juvandia observou ainda o compromisso das trabalhadoras do movimento sindical
cutista para ampliar a participação de mulheres nos locais de decisão política,
ou seja, nas câmaras municiais, estaduais e no Congresso Nacional.
"Quando
a gente olha pro Congresso Nacional e não se vê nesse Congresso, isso é uma
violência! Temos vários países já, inclusive na América Latina, com o voto
paritário, com o voto em lista para garantir a igualdade de representatividade
de mulheres, como Argentina e México, que deram esse exemplo que a gente
precisa repetir no Brasil", completou.
A presidenta do Sindicato das Bancárias e dos Bancários de São Paulo, Osasco e
Região (Seeb-SP) e anfitriã da Plenária das Mulheres da CUT, Neiva Ribeiro,
refletiu sobre os desafios enfrentados pelas mulheres no ambiente sindical e
político, reforçando que a luta feminina é dupla frente às pressões sociais e à
opressão capitalista: “Somos sempre mais cobradas e julgadas. Se fazemos
de um jeito, nunca está bom para nós”, observou.
A dirigente sindical enfatizou ainda a necessidade de políticas públicas que
considerem a interseção de gênero e que apoiem as mulheres em todas as fases da
vida, desde juventude até a maternidade e a participação política.
“Precisamos
de políticas públicas que nos apoiem para que possamos fazer militância e
enfrentamento, assim como nossos companheiros homens fazem. A opressão de
gênero não pode existir nesse mundo que estamos criando. Sigamos juntas”,
concluiu Neiva, reforçando a importância da união e da resistência feminina no
movimento sindical.
Temas aprovados na estratégia de luta das mulheres
Além das lutas por igualdade salarial, de acesso, ascensão e
de oportunidades no mercado de trabalho; pelo redução da jornada de trabalho,
sem a queda na remuneração; paridade da representação de mulheres na política;
e o combate à toda forma de violência, durante a Plenária as trabalhadoras
cutistas aprovaram a luta para que o Brasil ratifique as convenções 190
("Fim da Violência e Assédio no mundo do trabalho") e 156
("Igualdade de Oportunidades e de Tratamento para Homens e Mulheres")
da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Para que o Brasil se torne signatário das duas convenções falta a decisão dos
deputados e senadores. "Conseguimos formalizar, para a próxima
semana, uma audiência pública, com o presidente da Câmara, Hugo Mota, para
pedir o avanço da tramitação dessas convenções na casa", destacou a
secretária da Mulher da CUT, Amanda Corcino.
A Plenária das Mulheres também contou com mensagens enviadas previamente pela
deputada federal Erika Kokay e pela ministra das Mulheres, Márcia
Lopes, especialmente para o evento. Ambas parabenizaram a iniciativa e
reforçaram o papel das mulheres trabalhadoras na conquista, manutenção e avanço
em direitos sociais.
Fonte: Contraf-CUT