Setembro Amarelo: Agora é lei!
O presidente da República sancionou, no dia 8
de setembro, a Lei
15.199/25, que torna oficial a campanha Setembro Amarelo e institui o dia
10 de setembro como Dia Nacional de Prevenção do Suicídio e o dia 17 de
setembro como Dia Nacional de Prevenção da Automutilação.
Já em seu artigo 1º, a Lei determina que a campanha seja
“realizada anualmente, no mês de setembro, em todo o território nacional, por
meio de ações relacionadas à prevenção da automutilação e do suicídio” e, no
artigo 2º, que durante a campanha Setembro Amarelo, sejam realizadas atividades
destinadas à conscientização sobre a saúde mental.
Por que falar disso?
“É importante que se trate sobre este tema em toda a
sociedade. E especialmente no setor financeiro, já que os dados apontam que a
categoria bancária é a mais afetada entre todos os trabalhadores por problemas
relacionais à saúde mental”, observou o secretário de Saúde da Confederação
Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Mauro Salles.
Um levantamento do Dieese aponta que, nos anos de 2023 e
2024, 57,1% das licenças de trabalho concedidas a bancários foram consequências
de transtornos mentais e comportamentais. Apenas a título de comparação, no
restante da população, 5,99% das licenças para tratamento de saúde foram
motivadas por questões de saúde mental.
“O índice de 5,99% registrado no total da classe
trabalhadora já é muito alto. Mas, o registrado entre a categoria bancária é
assustador. E, entre empregados da Caixa chega a alarmantes 74%”, ressaltou o secretário de Saúde da Contraf-CUT.
"Não adianta um banco dizer que é bom pra todos, que respeita a sociedade e que quer o melhor para seus clientes se ele exige metas absurdas e tenta sugar ao máximo os seus trabalhadores. Estamos atentos à rotina da categoria nos locais de trabalho, seguimos atuante contra essa gestão adoecedora praticada pelos bancos e colocamos à disposição dos trabalhadores todos os nossos canais de denúncias, departamento jurídico e apoio. Adoecer pelo trabalho não é normal e a vida precisa estar sempre acima do lucro!", reforçou Marcelo Martins, presidente do Sindicato.
Gestão adoecedora
É válido destacar que o trabalho bancário mudou muito. Hoje, os bancários são obrigados a conviver com metas abusivas, assédio moral, vigilância digital e pressão constante. Esse modelo de gestão está adoecendo milhares de trabalhadores, levando a quadros de ansiedade, depressão, síndrome do pânico e até suicídio.
O Setembro Amarelo é o mês de conscientização e
prevenção ao suicídio, mas o tema precisa ser tratado o ano todo. Se não na
sociedade como um todo, pelo menos no setor bancário.
O suicídio não é fraqueza individual. É consequência de uma
soma de fatores, muitas vezes agravados pela organização do trabalho. Proteger
a vida dos bancários exige solidariedade, acolhimento e luta coletiva contra o
modelo de gestão que adoece!
Principais causas do adoecimento psíquico entre bancários
- Metas abusivas e inalcançáveis;
- Assédio moral e sexual, inclusive organizacional;
- Controle algorítmico e vigilância excessiva (monitoramento digital, ranking de produtividade);
- Insegurança no emprego, reestruturações e demissões em massa;
- Sobrecarga de trabalho e jornadas prolongadas;
- Violência organizacional: culpabilização da vítima, isolamento, competitividade forçada.
Sinais de alerta
- Mudanças bruscas de humor e comportamento;
- Isolamento de colegas e familiares;
- Queda brusca de rendimento ou concentração;
- Queixas constantes de cansaço extremo, insônia, dores sem causa física aparente;
- Comentários sobre “não aguentar mais” ou ideias de morte.
O que fazer coletivamente
- Denunciar práticas de assédio moral e cobrança abusiva de metas;
- Procure o sindicato:
O que cada trabalhador pode fazer
- Não se isolar: converse com colegas de confiança, família ou sindicato;
- Procurar atendimento médico/psicológico o quanto antes;
- Acionar o sindicato em casos de assédio ou cobrança abusiva.
Apoio profissional gratuito
- CVV – 188 (Centro de Valorização da Vida) – atendimento 24h, sigiloso e gratuito;
- Serviços públicos de saúde mental (CAPS, UBS).