Regulação do sistema financeiro é fundamental no combate ao crime organizado
A megaoperação contra o Primeiro Comando da Capital (PCC),
deflagrada na última quinta-feira (28) pela Polícia Federal, Ministério Público de São
Paulo e Receita Federal, expôs uma fragilidade há muito denunciada pelo
movimento sindical bancário: a falta de regulação adequada das fintechs no
Sistema Financeiro Nacional (SFN).
Nos últimos anos, essas empresas cresceram de forma
acelerada sob regras mais flexíveis do que as aplicadas aos bancos tradicionais.
Entre 2016 e 2024, o número de fintechs regulamentadas pelo Banco Central
saltou de 1 para 258, chegando a 308 em 2025.
Em 2024, o movimento sindical bancário apresentou ao Ministério da Fazenda uma proposta de
regulamentação do setor, alertando que a atuação dessas empresas fora das
mesmas normas fiscais, trabalhistas e de segurança impostas aos bancos poderia
favorecer práticas ilícitas e precarizar relações de trabalho. O alerta se
confirmou com a operação contra o PCC.
O tema também foi levado pela Contraf-CUT para uma audiência
pública na Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro), em maio
deste ano. Na ocasião, o economista e técnico do Dieese, Gustavo Cavarzan,
criticou a atuação do Banco Central.
"Essa regulamentação permissiva do BC foi bem sucedida
apenas para impulsionar esses novos atores no setor financeiro, mas não em
reduzir as taxas de juros do sistema em benefício da população", afirmou
Cavarzan na audiência pública.
Receita fecha o cerco
Diante de tantos alertas, a Receita Federal publicou uma
nova instrução normativa que iguala as exigências de transparência das
fintechs às dos bancos tradicionais, obrigando-as a prestar informações via
e-Financeira. O objetivo é claro: reforçar o combate à lavagem de dinheiro e ao
crime organizado.
Para Neiva Ribeiro, coordenadora do Comando Nacional dos Bancários, a medida é positiva, mas precisa ir além: "Defendemos que medidas
para igualar o tratamento entre fintechs e bancos não se limitem ao âmbito da
Receita Federal, no que diz respeito ao monitoramento das transações. É
necessária e urgente uma regulamentação do Sistema Financeiro Nacional que
corrija todas as atuais distorções, igualando também as obrigações
trabalhistas."
Fonte: Seeb/SP, com edição de SINTRAFI Barretos