Trabalhadores vão debater sobre “Trabalho, Meio Ambiente e Transição Justa”
A Central Única dos Trabalhadores (CUT) e demais entidades
que fazem parte do Fórum das Centrais Sindicais, com a assessoria do
Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e
o apoio do Labora - Fundo de Apoio ao Trabalho Digno, realizam, a partir do dia
9 de abril, uma Jornada Nacional de Debates com o tema “Trabalho, Meio Ambiente
e Transição justa – rumo à COP 30”, em preparação da pauta da classe
trabalhadora para o 1º de Maio e da participação do movimento sindical na 30ª
Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), prevista
para ocorrer em novembro de 2025, em Belém (PA).
Os debates fazem parte da Jornada Nacional de Lutas que, de
9 de abril a 31 de maio, vai mobilizar trabalhadores em todo o país em defesa
da redução da jornada de trabalho, com manutenção dos salários, e de justiça
tributária, com a isenção de imposto de renda sobre valores pagos como
Participação nos Lucros e resultados (PLR) e para quem ganha até R$ 5 mil, além
de descontos escalonados para quem ganha até R$ 7 mil.
> Veja
o calendário completo da jornada nacional de debates
Justiça tributária
“A justiça social só é possível com justiça tributária. Por
isso, o movimento sindical sempre defendeu a isenção de imposto de renda para
trabalhadores que ganham salários reduzidos, com a taxação das altas rendas e
da riqueza para evitar perdas de arrecadação, visando a manutenção das
políticas públicas. E foi esta a proposta que levamos ao então candidato Luiz
Inácio Lula da Silva, e que agora está em tramitação no Congresso”, ressaltou o
secretário de Assuntos Socioeconômicos da Confederação Nacional dos
Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Walcir Previtale, ao mencionar
o Projeto de Lei 1087/2025, que isenta de IR quem ganha até
R$ 5 mil por mês e reduz os valores que devem ser pagos por quem ganha mais de
R$ 5 mil e menos de R$ 7 mil, além de criar uma taxa adicional para as altas
rendas (acima de R$ 600 mil anual) que não paguem um imposto mínimo.
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“Esse é o início da cobrança progressiva de imposto, baseada
na renda e não no consumo. A progressividade amplia a justiça tributária,
fazendo com que quem ganha mais pague mais e quem ganha menos pague menos”,
explicou o dirigente da Contraf-CUT.
Redução da jornada
Com relação à redução da jornada de trabalho, Walcir lembrou
que esta é uma luta histórica da classe trabalhadora que, inclusive, se
confunde com a própria origem do movimento sindical no país. Ele citou ainda
pesquisas que apontam as vantagens da redução da jornada, não apenas para os
trabalhadores, mas também para o setor empresarial.
“O setor patronal não dá o braço a torcer, mas pesquisas
apontam que quando as pessoas têm mais tempo para lazer, descanso, estudo e de
convivência com a família elas produzem mais. E empresas que implementaram
jornada reduzida mantiveram seus patamares de lucro e seus funcionários
passaram a trabalhar mais felizes e houve redução do adoecimento. Todos saíram
ganhando com a redução da jornada”, afirmou.
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justiça tributária
Trabalho e meio ambiente
Os debates também visam aprofundar a discussão das entidades
sobre o tema, em preparação à participação das entidades sindicais na COP30, que será realizada em novembro de 2025, em Belém
(PA). A Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima é um encontro
global anual, onde líderes mundiais, cientistas, organizações não
governamentais e representantes da sociedade civil discutem ações para combater
as mudanças do clima. É considerado um dos principais eventos do tema no mundo.
As estimativas são de que o evento reunirá 40 mil
participantes nos principais dias da conferência, sendo que aproximadamente 7
mil compõem a chamada "família COP", formada pelas equipes da ONU e
delegações de países membros.
Para o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, a
COP 30 será diferente de todas as outras. “Uma coisa é discutir a Amazônia no
Egito; outra coisa é discutir a Amazônia em Berlim; outra coisa é discutir a
Amazônia em Paris. Agora, não. Agora nós vamos discutir a importância da
Amazônia dentro da Amazônia. Nós vamos discutir a questão indígena, vendo os
indígenas. Nós vamos discutir a questão dos povos ribeirinhos, vendo os povos
ribeirinhos e vendo como eles vivem”, disse.
A redução de emissões de gases de efeito estufa; adaptação
às mudanças climáticas; financiamento climático para países em desenvolvimento;
tecnologias de energia renovável e soluções de baixo carbono; preservação de
florestas e biodiversidade; e justiça climática e os impactos sociais das
mudanças climáticas são os principais temas a serem debatidos.
A secretária de Políticas Sociais da Contraf-CUT, Elaine
Cutis, faz um alerta para que a COP 30 não seja apenas mais um encontro de
governos e grandes empresas. “Ela precisa ser um espaço onde os trabalhadores
tenham voz. Não aceitaremos falsas soluções que joguem o custo da crise
climática nas costas da classe trabalhadora, com demissões, arrocho salarial e
implementação de medidas que prejudicam as condições de trabalho e retiram
direitos trabalhistas”, disse.
Elaine ressaltou que é preciso analisarmos com cuidado as
propostas a serem debatidas e colocadas em votação no encontro, para que não
sejam aprovados projetos que supostamente pregam uma transição justa, mas, na
prática, mantêm as políticas que levam à destruição ambiental.
“É preciso uma taxonomia clara, que diferencie projetos sustentáveis de verdade daqueles que só maquiam a destruição ambiental. Não podemos permitir que créditos de carbono virem moeda de especulação, enquanto fábricas fecham e comunidades sofrem com a poluição”, disse.
“Queremos empregos
sustentáveis, direitos garantidos e participação ativa nas decisões. A
transição justa só será real se unir justiça ambiental e social, com
investimento em energias renováveis, requalificação profissional e respeito às
comunidades”, completou, ao reforçar que o movimento sindical está mobilizado
para exigir que a COP 30 escute as ruas. “Não há justiça climática sem justiça
social!”, concluiu.
Fonte: Contraf-CUT