O número de empregados da Caixa afastados do trabalho por
adoecimento mental cresce em ritmo alarmante. É o que revela estudo do Dieese,
a pedido da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae), no
Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho, celebrado em 28 de abril.
Somente nos anos de 2023 e 2024, do total de 8.378 licenças por acidente de
trabalho concedidas pelo INSS para os bancários, 57,1% (ou 4.781 licenças)
foram motivadas por transtornos mentais e comportamentais. Na Caixa a situação
é ainda mais crítica – 74% das licenças reconhecidas como acidente de trabalho
de empregados do banco público decorreram de problemas relacionados à saúde
mental. O percentual extrapola, e muito, o índice de afastamentos acidentários
observado na sociedade como um todo, que, no mesmo período, representou 5,99% dos
afastamentos.
Outro dado que reforça ainda mais a preocupação com a saúde
mental dos empregados é o somatório das licenças por acidente de trabalho
(B91) e por tratamento de saúde (B31) por doenças mentais e
comportamentais, que cresceu quase 50% nos últimos dois anos, saltando de 1.629
casos em 2022 para 2.417 em 2024 (veja quadro abaixo).
A comparação histórica expõe a gravidade do cenário – em 2014, o banco
registrava 749 afastamentos acidentários e previdenciários (B91 + B31) por
doenças ligadas à saúde mental. Em 2024, o somatório dos afastamentos pelo
mesmo motivo subiu para 2.417, representando um aumento de cerca de 223% em 10
anos.
Segundo o levantamento, as principais causas dos
afastamentos por saúde mental na Caixa, em 2023 e 2024, foram: reações ao
stress grave e transtornos de adaptação, que somaram 12,3%; episódios
depressivos, que corresponderam a 24% dos afastamentos e outros transtornos
ansiosos, representando 31,9% dos casos.
"Nos últimos anos, a Caixa reduziu drasticamente o número de trabalhadores. Na contramão, houve um grande aumento do número de clientes e de contas. A sobrecarga à qual os empregados estão submetidos expõe de maneira clara a necessidade de mais contratações. Além disso, com um quadro de fucionários maior é possível atender melhor a população, principalmente com a retomada da prioridade dos programas sociais. Os adoecimentos causam impactos maiores do que se imagina, eles afetam as famílias dos empregados, o Saúde Caixa e o atendimento à população. Todos saem perdendo. Essa é uma pauta urgente", reforça o presidente do Sindicato, Marcelo Martins.
Para o presidente da Fenae, Sergio Takemoto, os dados revelados pelo estudo
reforçam a necessidade de políticas efetivas de melhores condições de
trabalho.
"É muito triste saber que lideramos este ranking. Não
podemos naturalizar que trabalhar na Caixa signifique, inevitavelmente,
adoecer. A saúde mental dos empregados precisa ser tratada como prioridade
absoluta” disse. “A Caixa precisa urgentemente implementar o GT Saúde do
Trabalhador, que é um compromisso assumido pelo banco na última campanha, para
discutir formas de melhorar as condições de trabalho e reverter este cenário
preocupante, que mostra que ultimamente o empregado paga com sua saúde pela
ausência ou ineficiência de políticas de prevenção", enfatizou.
Os empregados podem somar no combate ao adoecimento mental da categoria denunciando tais práticas ao Sindicato, que está atento aos problemas apresentados nas unidades de trabalho e coloca à disposição dos trabalhadores um canal oficial para denúncia. A segurança e sigilo das informações são garantidos!
Fonte: Fenae, com edição de SINTRAFI Barretos