Caixa: terceirização gera insegurança para clientes
Um trabalhador terceirizado da Caixa Econômica Federal foi
preso em flagrante pela Polícia Federal, na noite de quinta-feira (27), em uma
agência do banco em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio de Janeiro.
Segundo reportagem publicada pelo G1, as investigações mostram que
o homem alterou dados de mais de 400 clientes para transferência de valores sem
o consentimento dos usuários, gerando um prejuízo estimado em R$ 1 milhão.
“Uma das reponsabilidades dos bancos é garantir a segurança
do dinheiro de seus clientes. Situações como essa mostram a vulnerabilidade do
sistema financeiro e arranham a imagem da Caixa”, disse o diretor da
Contraf-CUT e coordenador da Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa,
Rafael de Castro. “Mas é preciso deixar claro que a fraude foi cometida por um
trabalhador terceirizado, não por um empregado concursado do banco”, observou o
coordenador da CEE.
Rafael ressalta que o movimento sindical de representação
dos trabalhadores sempre alerta para os riscos para os clientes e para os
próprios trabalhadores das contratações de terceirizados pela Caixa. “Além dos
recursos financeiros, dados pessoais que são confiados ao banco ficam à
disposição de pessoas que não têm ligação direta com a instituição. Isso, por
si só, já agrava o risco, uma vez que há maior rotatividade de trabalhadores,
em decorrência de não haver vínculo trabalhista direto”, disse.
O trabalhador terceirizado também fica sujeito a riscos e
situações que o empregado com vínculo direto com a instituição financeira. Não
têm o mesmo salário e nem os mesmos direitos garantidos aos empregados do banco
pela Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria e pelo Acordo Coletivo
de Trabalho (ACT), específico das empregadas e empregados da Caixa.
“Na Caixa isso não é comum, mas em outros bancos,
principalmente nos privados, vemos trabalhadores terceirizados realizando as
mesmas atividades dos empregados, com remuneração menor e sem os mesmos
direitos de seus colegas que têm vínculo trabalhista direto”, disse. “Por isso,
defendemos que a Caixa, e os demais bancos, contratem os trabalhadores, não
empresas que disponibilizam pessoas para realizar o serviço que deve ser
feito”, completou.
Novas contratações
Rafael reforçou a necessidade de a Caixa promover novas
contratações via concurso público. “O banco que já chegou a ter quase 101,5 mil
empregados, chegou ao final de 2024 com 83,3 mil. Em sentido inverso desta
redução de quase 22% no quadro de pessoal, houve um aumento de aproximadamente
175% no número de contas bancárias”, observou o coordenador da CEE. Em 2024,
mesmo com a abertura de concurso e contratação dos aprovados, houve uma redução
de 3.655 postos de trabalho na Caixa, em decorrência do Programa de Demissão
Voluntária (PDV).
“Isso aumenta ainda mais a sobrecarga no dia a dia de
trabalho e torna a situação insuportável nos diversos atendimentos excepcionais
de demandas geradas pelos programas do governo federal, como o que foi criado
agora, pelo programa de crédito consignado do trabalhador”, disse. “Por isso,
defendemos que o banco contrate mais empregados via concurso público”,
completou.
Fonte: Contraf-CUT