Bancos fecharam quase 4,2 mil postos de trabalho em um ano

A Pesquisa do Emprego Bancário (PEB) referente ao primeiro bimestre de 2024, elaborada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), com base nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), aponta uma eliminação de 4.171 postos de trabalho bancário no acumulado dos últimos 12 meses.

Na análise dos dados dos dois primeiros meses de 2024, verifica-se uma abertura de 1.074 postos de trabalho. “O resultado positivo no bimestre é explicado por conta da convocação de aprovados em concurso do Banco do Brasil”, alertou o economista Gustavo Cavarzan, do Dieese. “Basta ver que a ampliação de vagas no período está associada, particularmente, à criação de vagas de ‘escriturário’. Se desconsiderarmos esta movimentação extraordinária, o saldo seria de 543 postos de trabalho a menos neste período”, explicou.

O secretário de Assuntos Socioeconômicos da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Walcir Previtale, também ressalta o risco da análise de aumento pontual de postos de trabalho bancário.

“A redução de postos de trabalho nos bancos já é uma constante. Em 2023, houve um pequeno aumento apenas no mês de outubro. Em todos os demais, houve redução. Então, apesar da recuperação econômica em andamento no país, e dos repetidos aumentos nos lucros dos bancos, é um erro achar que está havendo crescimento de postos de trabalho bancário”, observou.


Realidade oposta

Mas, ao se analisar o saldo do emprego bancário no ramo financeiro, do qual o setor bancário faz parte, verifica-se uma realidade oposta. Mesmo com o setor bancário puxando o número de vagas para baixo, nos últimos 12 meses, foram criados 20,5 mil postos de trabalho no ramo financeiro, uma média de criação de 1,7 mil postos/mês, com destaque para as cooperativas de crédito e os securitários, que juntos criaram 16,3 mil postos de trabalho no período.

“Enquanto os bancos investem quantias bilionárias em tecnologia, a categoria bancária reduz e tem seu perfil modificado de maneira acelerada. O que observamos são trabalhadores que migram das agências bancárias e muitas vezes não conseguem se autodenominar cooperavitários, por exemplo, porque deixaram de ter qualquer tipo de representação ou uma representatividade pouco atuante. São trabalhadores que possuem condições trabalhistas precárias em relação aos direitos conquistados pela categoria bancária, com remuneração menor e jornada mais extensa”, explicou Marcelo Martins, presidente do Sindicato dos Bancários de Barretos e região.

O saldo no primeiro bimestre de 2024, excluindo a categoria bancária, foi de 4.764 postos de trabalho, quase seis vezes mais do que no mesmo período de 2023, novamente com destaque para o crédito cooperativo (+1.949 vagas), que desta vez é acompanhado pelos planos de saúde (+1.062 vagas).

“Este é um tema, portanto, que tem se tornado prioritário, pois é preciso garantir que todos os trabalhadores do ramo financeiro tenham representação sindical forte, com regulação das relações de trabalho baseadas nos preceitos do trabalho decente em todas as suas dimensões, que amplie direitos e novas conquistas”, ressaltou Marcelo.

Leia a íntegra da Pesquisa do Emprego Bancário, elaborada pelo Dieese

Fonte: Contraf-CUT, com edição de Seeb Barretos