Infectologista dá dicas de cuidados para se proteger da ômicron
Existe um horizonte para o fim da ômicron. De acordo com o
Dr. Marcelo Daher, infectologista e representante regional Sociedade Brasileira de Infectologia,
os cálculos dos epidemiologistas apontam que a curva de infecção da nova
variante da covid-19 deve começar a declinar em meados de fevereiro.
Mas para que isso aconteça, a sociedade deverá seguir
mobilizada, mantendo o uso de máscara, evitando o contato social e as
aglomerações. Em entrevista ao Reconta Aí, o médico explicou os pontos
mais importantes para que cada um faça a sua parte. Confira.
Qual é o teste mais eficiente para detectar a ômicron?
Embora haja diversos testes no mercado para a detecção da
covid-19, o médico Marcelo Daher destaca que dois deles são os mais indicados:
o RT-PCR e o teste de antígeno. Para o diagnóstico, Daher explica que o RT-PCR,
ou apenas PCR, é o "padrão ouro": "Esse exame busca RNA viral e
faz a amplificação, a busca direta do vírus. É colhido por swab (uma espécie de
cotonete) nasal e a partir daí faz-se a extração, colocando-se em uma máquina.
O resultado pode ser entregue dentro de algumas horas ou alguns dias".
O teste de antígeno também é colhido por meio do swab nasal
e é mais simples, rápido e barato: "Nele busca-se partículas virais,
proteínas do vírus. O material coletado por meio do swab é colocado em um meio
extrator e por meio de uma placa, o resultado é mostrado de 15 a 20
minutos". Esse teste, segundo Daher, é o realizado em farmácia e nos drive-thrus.
Segundo o infectologista, o teste PCR é o mais indicado para
a detecção da infecção. Já para saber se o infectado ainda está contaminado e
transmitindo a covid-19, o teste de antígeno é o mais apropriado já que o PCR
pode continuar positivo até três meses após a infecção. "Não significando
que a pessoa esteja doente ou transmitindo a covid durante esse período",
ressalta o infectologista.
Gravidade e sintomas da ômicron
Segundo Daher, os sintomas da variante ômicron não são
menos preocupantes. Ele explica que o quadro clínico gerado pela doença é mais
brando na grande maioria das pessoas, mas relembra que as outras variantes
também geram quadros leves. "Pelo fato de estarmos com muitas pessoas
vacinadas, temos visto quadros mais leves, o que pode ser uma característica
especificamente desta variante, mas também pode ter a ver com o cenário de
pessoas altamente vacinadas", informa.
Daher alerta que em algumas pessoas ainda são vistas as
formas graves da doença, com necessidade de internação, terapia intensiva e,
inclusive, óbitos. Por isso, não recomenda que as pessoas se exponham.
A variante da infecção não faz diferença no tratamento
"Para saber qual variante infectou um paciente, só
fazendo o sequenciamento viral, que é um exame complexo e caro" afirma
Daher. O infectologista explica ainda que em alguns países, é possível buscar a
variante quando se faz o PCR. Porém, no Brasil, ainda não há esse método.
Segundo o infectologista, os exames de reconhecimento das
variantes acontecem mais para a identificação epidemiológica do que para
mudança em relação a tratamento. No Brasil, o médico acredita a grande maioria
dos contaminados - cerca de 90% - está infectada pela variante ômicron.
Isolamento
Recentemente, o Ministério da Saúde fez algumas mudanças em
relação ao tempo de isolamento tomando como base o Centro de Controle de
Doenças (CDC) dos Estados Unidos. Porém, Daher explica que mesmo nos Estados
Unidos, as orientações mudaram: "O CDC acabou de mudar essas orientações
anteriores que reduziam o tempo de isolamento para 5, 7 ou 10 dias baseado em
testagem porque está quase inviável fazer testes dessa forma, por causa do
custo e da falta de testes", disse.
"O mais prudente, atualmente, é manter 10 dias de
isolamento e 7 dias para as pessoas que manifestaram muito poucos sintomas, que
estão há 24 horas sem sintoma algum e com teste de antígeno negativo",
recomenda o infectologista. Porém, quem não tem condições de fazer o teste deve
se manter isolado pelos 10 dias recomendados para não haver risco de
transmissão.
Como fazer o isolamento em casa?
O médico explica que se alguma pessoa que compartilha a casa
com outras pessoas testar positivo, e as outras pessoas apresentarem os mesmos
sintomas, não é necessário que estas sejam testadas: "Inferimos que todas
as pessoas estão com a mesma doença", relata Daher.
Entretanto, se uma pessoa estiver contaminada e as outras
pessoas não apresentarem sintomas, a recomendação é diferente: "Tendemos a
pedir o isolamento, separando o contaminado dos outros moradores porque eles
podem não ter sido infectados. Além disso, deve-se testar os possíveis não
contaminados no quinto dia", explica Daher. Nesse caso, o médico ainda
recomenda que todos os moradores mantenham o uso de máscaras o tempo todo e que
redobrem os cuidados para evitar a transmissão para outras pessoas, inclusive
de fora da casa.
Internações e UTI
"A gente espera que não haja, como ocorreu nos EUA, um
aumento de internações e internações em terapia intensiva", diz o médico.
Conforme projeta, nas próximas semanas, principalmente em fevereiro, o número
de internações será um termômetro: "Porque se houver um aumento nas
internações, temos que ficar atentos para tomar as medidas cabíveis para que
não faltem leitos de internação e terapia intensiva para a população".
Fonte: Reconta Aí